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‘Salvadoras’ do cinema americano estarão na Jornada Literária

Os quadrinhos terão bastante destaque na 3ª edição da Jornada Literária do Distrito Federal, evento patrocinado pelo Fundo de Apoio à Cultura e correalizado pelo Sesc – DF. O premiado editor de HQ, S. Lobo, um dos mais importantes editores de HQ do país, terá quatro participações na Jornada entre os dias 14 e 16 de agosto (veja programação) e vai falar sobre o tema tanto para jovens quanto adultos no Teatro Sesc Newton Rossi, em Ceilândia.


Por e-mail, S. Lobo contou que tem ótimas lembranças de sua participação anterior em uma jornada em Brasília; e adianta que este ano vai repetir a oficina (Re) Alfabetização Visual, que busca mostrar para todos que o desenho pode ser usado como forma de comunicação. Para fazer a oficina não precisa saber desenhar, e funciona para alunos de 8 a 80 anos. “Neste ano também vamos conversar com quadrinistas sobre linguagem dos quadrinhos e técnica de roteiro”, complementa o editor.


S. Lobo: "Quadrinhos não é porta de entrada para literatura". Foto Glauco Kunhert

Para ele, as boas e velhas HQs não estão ameaçadas em um mundo com tanta tecnologia a serviço da imagem. Pelo contrário. Na opinião dele, as HQs estão é ajudando a manter o mercado que usa a imagem em movimento. “As HQs salvaram o mercado americano de cinema: as melhores bilheterias do cinema têm sido de personagens criados inicialmente para quadrinhos. As bancas estão cheias de quadrinhos infantis, heróis e mangás! Os quadrinhos nunca viveram um momento tão bom em todos os seus segmentos, dos mais comerciais aos autorais independentes”. Ele acha normal que, com o surgimento de outras mídias, o tempo de leitura dedicado às revistinhas tenha mudado. “Na década de 40, os adolescentes só tinham os quadrinhos e o cinema para se divertir. Hoje têm games, revistas, centenas de canais com programação audiovisual... e sabe-se mais lá o que pra se entreter. Mas uma mídia não canibaliza a outra, tudo se reajusta”, assevera.


S. Lobo considera capciosa a ideia de que os quadrinhos podem ser uma ponte da garotada para a leitura dos livros, da literatura, pois, segundo o editor, “ela (a ideia) implica que quadrinhos é uma arte menor e que serve de degrau para a literatura, uma arte tida então como maior. Não! Quadrinhos não é porta de entrada para literatura, nem para o cinema nem para mais nada. É porta de entrada para os quadrinhos. Quadrinhos é uma linguagem extremamente rica e cheia de possibilidades experimentais”, defende, e faz até mesmo um resgate histórico. “Esse tipo de questão vem no reboque do macartismo americano que tentava culpar as HQs pelos crimes cometidos pelas pessoas, como se fossem más influências”.


No entanto, acredita que HQs podem sim incentivar crianças e jovens e lerem. “Se você me perguntar se quadrinhos é uma ponte para o público jovem para estimular o hábito da leitura, a resposta é sim, tanto quanto a literatura e qualquer outro meio de expressão escrito. Quadrinhos formam excelentes leitores, sedentos por mais quadrinhos para ler”, finaliza.

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