A poesia escrita no Distrito Federal estará bem representada na segunda edição da Jornada Literária. Além da presença de Nicolas Behr, poeta mais famoso dessas bandas do Planalto Central, o evento receberá também a poesia militante de Cristiane Sobral, Noélia Ribeiro.
A poesia escrita no Distrito Federal estará bem representada na segunda edição da Jornada Literária. Além da presença de Nicolas Behr, poeta mais famoso dessas bandas do Planalto Central, o evento receberá também a poesia militante de Cristiane Sobral e Noélia Ribeiro, a eterna musa da Travessia do Eixão, mas que cada vez mais se consolida como autora, inclusive em nível nacional, com participação em diversos eventos literários no Rio. Aliás, Noélia está prestes a lançar, pela Editora Penalux, Espevitada, coletânea de poemas que completa a trilogia iniciada em Atarantada e que teve prosseguimento em Escalafobética.
Outros dois nomes que marcarão presença entre alunos e professores da jornada são o brasiliense Alexandre Pilati e o mineiro Wilson Pereira, há anos radicado em Brasília. Pilati é autor de livros de poesia e do recém lançado Poesia na Sala de Aula, em que aborda a função da literatura nas escolas e universidades (o autor é professor titular da UnB).
Pilati considera a Jornada Literária uma excelente oportunidade de colocar autores em contato com leitores em potencial que moram em cidades afastadas do Plano Piloto. “Cada vez mais tenho interesse em eventos como esse, em que se conversa com gente jovem, ávida por conhecer coisas novas e que não lida com a literatura com uma “pose” que em geral marca os encontros literários por aí afora”. Alexandre Pilati, que participou da edição da Jornada em 2016, quer ser “bombardeado” pelos alunos este ano. “Espero que os jovens me surpreendam com leituras inusitadas, provocativas, fora do esquema convencional”.
Wilson Pereira reconhece no evento a oportunidade de falar de sua obra e incentivar os estudantes à leitura. Além da própria qualidade de seus poemas, Wilson Pereira lançará mão de artifícios para chamar a atenção dos novos leitores. “Como tenho poemas com efeitos visuais e sonoros, que mostro aos alunos por meio do data show, consigo atrair a atenção e o interesse dos jovens para um bom diálogo sobre a poesia” explica.
Dono de construções simples – e por isso mesmo belas – em seus poemas, Wilson Pereira poderá explicar aos alunos essa busca pela simplicidade ao escrever. “A simplicidade artística não é fácil de se alcançar: exige trabalho com a linguagem, com o ritmo, com a construção das metáforas, com a síntese. É um trabalho de depuração, de decantação poética. É de se notar que grandes poetas como Mário Quintana, Manoel Bandeira, Cecília Meireles não são poetas sofisticados. O próprio Carlos Drummond de Andrade é um poeta acessível” lembra Wilson Pereira.
Com a experiência das salas de aula da universidade, Alexandre Pilati, pretende levar aos alunos das escolas abrangidas pela Jornada reflexões em torno da importância do livro para a sociedade. Ele cita o crítico Antônio Cândido, falecido este ano, que considerava que “a literatura não fala da humanidade, ela é a humanidade”. O poeta, então, pergunta: “E em que sentido ela é a humanidade? Ela é uma forma privilegiada de arte (porque lida com algo fundamentalmente humano: a linguagem) que nos faz melhor pensar e interpretar a nós mesmos, nossos sentimentos, nossa relação com os outros, nossa relação com a sociedade em que estamos inseridos”, explica o autor, complementando ao dizer que “um leitor literário frequente é alguém capaz de melhor interrogar o mundo, de melhor interpretá-lo, de melhor respeitá-lo, de melhor vivê-lo”.
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